08/03/11

Auburn Speedster 851/852 Supercharged (1935-1936) [PS]







I. História

Enquanto marca, a Auburn esteve associada a dois sonantes nomes da indústria automóvel dos thirties - Duesenberg e a Cord.
Integrando um único grupo, os três construtores partilharam motores, chassis e design.
O know-how que esteve na base destes "851 e 852  Supercharged" residiu essencialmente na aptidão da Cord em aperfeiçoar motores e na mestria de desenho que o designer-chefe da Duesenberg, Gordon M. Buehrig, revelou, na abordagem a um veículo que era, assumidamente, o topo de gama da marca de Indiana.


II. Antecedentes

O primeiro Auburn Speedster foi lançado em 1928. Mais rectilínio e conservador, ainda que já "abarrocado", apresentou-se enquanto descapotável de charme, com algumas pretensões desportivas.
Depois de alguns soluços na produtividade - marcada pela profunda crise dos anos trinta - a Auburn avançou com o 851 V12, antecessor directo dos 851/852.
Também desenhado por Buehrig, o 851 V12 viria a partilhar o seu chassis e a sua carroceria com os seus sucessores, indiscutívelmente mais refinados. Alguns chassis de "velhos" Auburn 851 V12 foram mesmo re-utilizados, uma vez que eram inteiramente compatíveis com motor e suspensões dos "novos" Supercharged 851 e 852 que se lhe seguiram...















III. Tail Boat

O primeiro nome para o novo Auburn foi "8-851". O prefixo "8" pretendia vincar a subsituição do inerte V12 por uma nova motorização de oito cilindros. Ultrapassada a questão da designação comercial (a viatura chamar-se-ia "Auburn 851 Speedster"), foram surgindo argumentos de peso...




























Era difícil não esboçar reacção ao desenho do 851 Speedster. Também conhecido por "Tail Boat", este Auburn distinguia-se por entre os demais cábrios dos anos '30 devido à sua esbelteza de linhas, onde a traseira sugeria, efectivamente, uma relação com o mundo naval. A delicadeza do desenho era patente em elementos tão díspares como o desenho dos interiores, a forma do pára-choques ou os tubos de escape flexíveis, diferenciando estes 851 e 852 dos restantes cabriolets e coupés da época.

 


Tecnologicamente, a este Auburn estavam alocadas soluções vanguardistas, tais como a adopção de um motor sobrealimentado, que prometia arrasar a concorrência, ou a utilização de um diferencial de caixa, comandável apartir do tablier, passível de ser activado em andamento.































VI. 851 e 852

O Auburn 851  foi oficialmente colocado no mercado no dia 1 de Janeiro de 1935. Em 1936, era lançado o Auburn 852. Idêntico ao 851, comportava subtis diferenças ao nível de interiores (tablier retocado e com mais manómetros, estofos diferentes) e exteriores (jantes e grelha, na qual figurava o dístico "852"). Destaque ainda para a pintura, que apresentava algumas diferenças, registando-se, por exemplo, exemplares bi-colores. Por entre os 852 registaram-se ainda opulentas, mas menos conseguidas, versões "Phaeton" de quatro portas.























VI. Straight Eight Supercharged

O revolucionário motor dos 851/852 consistia um bloco Lycoming, de 4,6L, em ferro, com cabeça em alumínio.
Com uma configuração em linha e conhecido pelas suas 16 válvulas laterais, do 8 cilindros  extraiam-se 116 cavalos às 3600rpm, em versão atmosférica. Mas os técnicos da Cord - marca que alterou o motor para a Auburn - conseguiram, com a adopção de um compressor e sob a coordenação de August Duesenberg, 150 cavalos às 4000 rpm. Tratava-se de uma potência inimaginável e sempre disponível, o que colocava este Auburn num patamar de prestações muito superior ao de toda a concorrência.

























Em meados de 1935, o motor era já partilhado por mais 3 automóveis: Para além dos Auburn, utilizavam-no o Duesenberg Supercharged, o Cord 810 Supercharged (um originalíssimo FWD) e o Cord V8 Phaeton.
Era, contudo, aos Auburn que permanecia associada a febre da velocidade e do benchmark. Consta-se que a maioria dos Speedsters, sobrealimentados, se fazia acompanhar por um certificado assegurando que eram capazes de ultrapassar 100mph, e a Auburn publicitava, agressivamente, a comercialização do carro de origem mais veloz do mercado, responsável por 70 recordes de velocidade (com realce para os feitos do piloto Ab Jenkins - mais de 12 horas consecutivas a 160km/h num Speedster 851, em 1935).















V. Produção

Foram feitos cerca de 5000 "851" em 1935, por entre versões sobre-alimentadas, ou atmosféricas, número que revelou uma assinalável aceitação pelo mercado. O número de "852" vendidos foi, em 1936, de 1850 unidades.
É um dado adquirido que estes Auburn deram prejuízo ao grupo Cord. Aliás, não seria de esperar outra coisa, uma vez que poucos compradores teriam capacidade de pagar cerca de 2.300 dólares por um carro quase totalmente manufacturado, em meados da década de '30.



O brilho do Auburn Speedster Supercharged chegou, também, às telas. 851's e 852's foram várias vezes estrela de cinema: Em 1936, em "Swing Time", em 1938, em "Blockade", em 1942, em "WildCat", ou ainda em 2005, em "Lassie", para referir apenas alguns exemplos.
Por consequência directa, algumas estrelas de Hollywood adquiriram o Supercharged. Casos de Marlene Dietrich, Mary Astor ou George Murphy.

Dados Técnicos




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